O êxtase masculino essencial corresponde ao momento de libertação da restrição. Isto poderia ocorrer em face da morte e vivendo através dela, sendo bem sucedido (e, assim, sendo libertado de) no seu propósito, e em competição (que é um ritual de ameaça de morte). O masculino procura sempre libertar-se das restrições. O feminino não compreende muitas das vezes as estratégias e necessidades masculinas.
A sua motivação básica é a libertação do constrangimento e experienciar a liberdade no outro lado. Quais são as formas mais comuns de êxtase masculino? O orgasmo é um deles. O típico orgasmo masculino, como você provavelmente sabe, envolve uma crescente tensão, ou constrangimento, até que a comporta finalmente parte, e a sua tensão e energia são libertadas. O estado pós orgásmico é o de uma libertação tipo morte, um vazio conducente a um esquecimento pleno de felicidade. O masculino procura sempre a libertação de um modo ou de outro.
Grande parte dos desportos providenciam ao masculino esta vibração de libertação do constrangimento em liberdade. No futebol, por exemplo, a equipa que tem a bola é constrangida pela equipa adversária que imediatamente se apressa a bloqueá-la. O objectivo é o de ultrapassar a linha opressora e levar a bola até à liberdade. Pessoas com essências masculinas tornam-se insanamente emocionais durante este ritual de desafio e libertação de constrangimento em liberdade. E, se a libertação for alcançada, os homens irão saltar e brindar, como se o mais profundo desejo do seu coração tivesse ocorrido – e, na verdade, ocorreu. Esta libertação em liberdade, independentemente de como ocorrer, é a principal motivação do masculino. Todos os objectivos masculinos – no trabalho, na almofada da meditação, ou no campo de futebol – são dirigidos ao alcance de maior liberdade.
O típico desejo masculino por liberdade envolve tipicamente o sentimento de morte, que é o derradeiro medo e liberdade masculinos, de uma forma ou de outra. O orgasmo é verdadeiramente designado de petite mort ou “pequena morte” em Francês. Você diz que espera que o seu clube de futebol “mate” a outra equipa, e você celebra os seus “assassínios” financeiros com enorme deleite.
Provavelmente você também sentirá alguma familiaridade com os aspectos mais negros do desejo de liberdade do masculino. A guerra, que é motivada pelo desejo por liberdade, é uma quintessencial perseguição masculina. A maioria dos desportos são guerras ritualizadas, mas a verdadeira guerra em si mesma ressoa no coração de grande parte dos homens. Mesmo filmes sobre guerra – homens a lutar no seu limite, dando tudo o que têm, mesmo em face da própria morte, motivados por uma causa superior – evocam intensa emoção nos homens. A capacidade de enfrentar a morte em nome da liberdade, seja numa guerra verdadeira, ou ritualmente num campo de futebol ou mesa de xadrez, é o derradeiro acto masculino, evocando as mais profundas e intensas emoções masculinas.
A mesma capacidade para enfrentar a morte é necessária em nome da felicidade espiritual. Para ter liberdade espiritual você precisa de estar disponível para enfrentas os seus maiores medos, e abandonar tudo aquilo que limitar o seu amor. O apego ao conforto e à segurança é aquilo que mais limita os homens na sua possibilidade de revolução espiritual. A equipa adversária é, de facto, o seu intenso desejo por segurança privada. Você disputa uma guerra com o seu verdadeiro auto-sentido. Ser livre é morrer para a sua necessidade de ser um ego separado. Nesse caso, o que existiria para lhe causar constrangimento? Ego morto, absoluta rendição à unidade da vida, é a derradeira libertação. Poucos homens chegam a libertar-se o suficiente para relaxar nesta profundidade de libertação, por terem medo da total ausência de stress. Ausência de stress significa ausência de pensamentos, ausência de senso de ego protegido, nenhuma missão a cumprir. O fim do jogo masculino.
Ainda, esta libertação do stress, o desprotegido final do jogo, é exactamente o que você sempre procura, através de orgasmos, vitórias financeiras ou vitórias em guerras. Você está disponível para experienciar formas menores de êxtase e “morte” masculina, mas indisponível para experienciar a morte do seu senso de eu separado, e finalmente ser a liberdade que você apenas se permitiu experimentar em pequenas doses.
Os homens sempre apreciarão experimentar formas de “morte”, para aparecer do outro lado em liberdade, seja sob a forma de combates de boxe, filmes policiais, artes marciais, orgasmos, filosofia (o stress libertado através do “ah” do insight), ou morte do ego. Para ser livre você necessita de possuir a primazia do seu desejo. Então, poderá apreciar as formas menores de êxtase masculino, mas dedicado à sua mais elevada forma: transcendência do medo da morte, enfrentando o stress limitador proveniente da sua noção de eu separado, e relaxando através disso, dentro da absoluta liberdade que sempre intuiu no mais fundo de si mesmo, mas sempre conseguida apenas através de meios temporários.
O feminino, por outro lado, não procura liberdade, mas amor. A felicidade de uma mulher, não é o vazio mas o preenchimento. Os seus meios não são a libertação, mas a rendição. É por este motivo que uma mulher se enerva quando um homem começa a ressonar após o orgasmo. Ele alcançou finalmente, o seu vazio pós-ejaculatório, a feliz libertação do stress que perseguiu durante todo o dia, de uma maneira ou de outra. Ela, por outro lado, espera experienciar o amor e a plenitude através do acto sexual e um homem ressonante, simplesmente não consegue fazer isso por ela.
O feminino procura plenitude e abomina o vazio. Ela irá preencher o seu vazio com chocolates, conchas e pedras recolhidas em locais especiais. Quando ela não se sente cheia de amor, procura encher-se com gelados, chocolate ou conversação, mais do que esvaziar o seu stress através de ver TV ou ejaculação, como os homens frequentemente fazem. O seu lado negro adora a agressão emocional nas telenovelas, e romances, mais do que a agressão física dos combates de boxe ou dos filmes porno. Ela aspira a preencher o seu senso de vazio espiritual através da rendição de seu coração e sendo preenchida com amor. Os seus meios básicos na direcção da unidade espiritual são render-se na plenitude devocional do amor incondicional, mais do que libertar-se do medo da morte do ego, na desconstrangida infinidade da liberdade absoluta.
No final, a procura feminina do amor, e a procura feminina por liberdade alcançam o mesmo destino: a incondicional e infinita segurança de ser quem você é, que são ambos absoluto amor e liberdade. Mas, até que possa finalmente relaxar no local que você próprio é, a sua mulher continuará a render-se – a si, ao chocolate e às compras – na esperança de ser preenchida com amor, e você continuará a libertar-se a si mesmo – através da televisão, orgasmos e sucesso financeiro – na esperança de poder esvaziar-se do stress numa liberdade desconstrangida.
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