quinta-feira, 26 de maio de 2011

Parte I - O Caminho do Homem / 13. Não use a sua família como desculpa!


Se um homem nunca descobre o seu propósito mais profundo, ou se o compromete permanentemente e usa a sua família como uma desculpa para o fazer, o seu centro torna-se enfraquecido, perdendo profundidade e presença. A sua mulher perde confiança e polaridade sexual com ele, mesmo que ele coloque muita energia na educação das suas crianças e na realização do trabalho de casa. Um homem deve, com certeza, ser um total participante no cuidado com as crianças e tarefas caseiras, mas se desiste do seu mais profundo propósito para o fazer, no final, toda a gente sofre.

Trate das crianças e da casa tanto quanto puder. Mas lembre-se apenas de que, desistir do seu verdadeiro propósito para fazê-lo por demasiado tempo, não estará verdadeiramente a ajudar ninguém.

Educar crianças, à semelhança de qualquer outro compromisso responsável no amor, requer que transcenda as suas próprias preferências pessoais em nome de um compromisso mais vasto, em nome do serviço no amor. Esta é uma parte natural associada a ser-se um chefe de família. Contudo, você não pode abnegar o seu mais profundo propósito para o fazer ou então sentir-se-á frustrado, resignando-se a uma vida inferior aquela que sabe ser capaz de viver.

Esta auto-resignação comunicar-se-á a si mesma à sua mulher e às suas crianças. Eles sentirão a sua fraqueza. A sua mulher começará a suportar mais encargos do que aqueles que realmente quer a partir do momento em que você, claramente, não é capaz de fazê-lo sozinho, e alguém tem de fazê-lo. As suas crianças desafiarão a sua capacidade de discipliná-las, a partir do momento em que sintam a sua falta de autêntica auto-disciplina. Faça o que fizer, uma vez que tenha negado o seu propósito profundo, o seu lar tornar-se-á um local onde toda a gente testa a sua capacidade de marcar a sua posição e você irá perder.

Obviamente, como um pai e chefe de família, irá querer dar o seu amor, energia, capacidade e tempo à sua família. Será a sua alegria e será também uma necessidade. Contudo, a motivação para dedicar tempo à casa poderá ou não ser simétrica entre os parceiros, e isto deveria ser uma contínua descoberta para cada casal. Esta motivação poderá variar ao longo do tempo, para ambos, homens e mulheres, à medida que as suas vidas crescem através de estágios diferentes.

A prioridade do feminino, em homens e mulheres, é o fluxo de amor na relação. A prioridade do masculino, em homens e mulheres, é a missão que conduz à liberdade. No limite, a verdadeira liberdade e o verdadeiro amor, são o mesmo. Contudo, a jornada do masculino e do feminino rumo a esta unidade de amor e liberdade é muito diferente.

Se a sua mulher tiver uma essência mais feminina que a sua, ou se ela estiver numa fase mais feminina da vida do que você, então a sua prioridade será o fluxo do amor na sua vida. O núcleo dela será então muito mais preenchido pelo amor que ela partilha com as suas crianças do que o seu. Você também irá sentir grande satisfação ao partilhar amor com as suas crianças, mas se o seu núcleo for masculino, ou se estiver a atravessar uma fase masculina da sua vida, esta satisfação não tocará os seus níveis mais profundos da mesma maneira. Mesmo que ame as suas crianças tanto quanto a sua mulher, a sua relação com eles será apenas parte do seu mais profundo propósito de vida.

Qual é o seu mais profundo propósito de vida? Para alguns homens, o seu mais profundo propósito de vida é a sua família. Se você for um desses homens, provavelmente não estará preocupado acerca da problemática de saber se está ou não a usar a sua família como uma desculpa. Muitos homens, contudo, independentemente do quanto possam amar a sua família, sentem também um profundo chamamento. Se eles não forem verdadeiros para com este chamamento, então o seu núcleo enfraquece, mesmo que eles amem genuinamente e desejem servir a sua família.

Quando conhece a sua direcção e a vive profundamente, o seu núcleo encontra-se vivo e forte. As suas crianças sentirão isto naturalmente. Elas responderão à sua clareza e presença de uma forma muito diferente de como respondem à sua ambiguidade – uma ambiguidade que resulta de se ter afastado do seu mais profundo propósito por pensar que é “correcto” ou “justo”, passar mais tempo com eles. Um curto período de tempo passado com um pai que está absolutamente presente, cheio de amor, internamente integrado, e seguro da sua missão na vida, afectará as suas crianças muito mais positivamente do que se passassem imenso tempo com um pai ambíguo nos seus intentos e que perdeu contacto com o seu mais profundo propósito, independentemente do quanto ele ama as suas crianças.

As crianças aprendem por osmose a maioria do que aprendem com os seus pais. Se o seu pai estiver subtilmente enfraquecido e comprometido, isto irá temperar a experiência do seu amor. Tal como você fez com o seu pai, as suas crianças irão replicar inconscientemente ou reagir ao sabor emocional que captarem de si. O seu tom emocional essencial – tranquilo no seu propósito profundo ou medroso na ambiguidade dos seus intentos – torna-se parte da casa dos seus filhos.

Se você e a sua mulher trabalham ambos, é melhor que façam acordos com outras famílias para partilhar do tratamento das crianças, ou contratarem alguém que possa ajudar-vos com as crianças do que comprometer permanentemente a sua verdade e o seu mais profundo propósito por sentir que tem de o fazer para passar mais tempo com as suas crianças. Não é a quantidade de tempo mas a qualidade da interacção que mais influencia o crescimento de uma criança. As crianças são esquisitamente sensíveis ao tom emocional. Se você não estiver preenchido no seu núcleo, alinhado com o seu mais profundo propósito e vivendo uma vida de autêntico compromisso, as suas crianças senti-lo-ão.

Em nome deles, em seu nome, e em nome da sua mulher, descubra o seu mais profundo propósito, comprometa-se completamente com este processo, e encontre uma maneira de cuidar da sua família enquanto o faz. Esteja com a sua mulher e as suas crianças, sem compromisso ou ambiguidade. Não use a sua família como uma desculpa para ser menos do que pode ser. Estando o controlo de natalidade tão prontamente disponível, as crianças são uma escolha. Se escolher ser um chefe de família e fazer crianças, você é responsável por servi-los com tanto amor autêntico quanto possível, que você apenas poderá dar se a sua vida estiver alinhada com o seu mais profundo propósito.

Não prive a sua família do seu núcleo mais profundo, e não os use como uma desculpa para evitar o trabalho que será necessário executar para manifestar a sua mais elevada visão. Você pode dar amor à sua família e abrandar a sua vida laboral, se se disciplinar para actuar sobre os seus mais profundos anseios com prioridade. Então, quando estiver com a sua família, estará com eles totalmente, a partir do momento em que não existam negócios cronicamente inacabados na sua vida a distraí-lo, e não houverem ambiguidades internas sobre onde quer estar ou aquilo que realmente quer estar a fazer.

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