As mulheres estão sempre a querer a presença do divino masculino num homem, independentemente do seu humor ou queixa específica. Um homem deveria ouvir as queixas da sua mulher como campainhas de alarme, e depois para fazer o seu melhor no sentido de alinhar a sua vida com a sua verdade e propósito. Contudo, se ele acreditar no conteúdo literal das suas queixas, entrará imediatamente no caminho errado, para o conteúdo que reflecte o seu humor presente, mais do que para uma cuidadosa observação das suas próprias tendências ao longo do tempo. A sua queixa deveria ser valorizada como um lembrete para “reagrupar”, e talvez como uma indicação de como. Mas, mais frequentemente do que não, as especificidades da sua queixa não descrevem a real acção ou tendência subjacente ao que necessita de ser mudado.
A sua mulher diz, “Como podes passar tanto tempo em frente à TV quando a nossa renda tem de ser paga dentro de poucos dias, temos prestações do carro para pagar e tu acabaste de perder o teu emprego?”
“Não te preocupes com isso. Tenho uma entrevista de emprego amanhã.”
“Bem, porque é que não levantas o rabo? Há semanas que dizes que vais limpar a garagem. Mal consigo chegar ao carro.”
“OK, OK. Eu limpo a garagem hoje de tarde!”
A sua mulher pára de falar e vai à sua vida, mas você pode sentir a sua tensão e raiva crescentes. Você não gosta de estar perto dela quando ela está assim. Você quer pôr-se a andar de casa.
“Estarei de volta dentro de algumas horas e limparei a garagem,” diz você, enquanto pega o seu casaco e se dirige para a porta.
Você ouve um copo partir-se na cozinha, então você vai lá e encontra a sua mulher furiosa. “Não aguento mais isto!”, lamenta-se ela.
“O quê? Já disse que limpava a garagem. O que é que se passa?”, pergunta você.
“Já não consigo aguentar!” grita ela, afastando-se de si, fechando-se em si mesma, e não deixando que lhe toque.
“Não compreendo, já disse que limpava a garagem, tenho uma entrevista de emprego amanhã. Tudo irá ficar bem. O que queres afinal?”
Já terá tido, provavelmente, alguma versão deste tipo de conversação com a sua mulher. Ele esconde uma chave para o crescimento do masculino em liberdade. E revela um erro comum que os homens cometem com as suas mulheres.
Aquilo de que a sua mulher se queixa, raramente é aquilo de que ela se queixa. É um erro acreditar no conteúdo do que ela diz e depois responder às suas queixas, ponto por ponto. Quando ela se queixa sobre problemas financeiros, ela sente habitualmente uma falha na sua capacidade masculina de dirigir a sua vida com clareza, propósito, integridade e sabedoria. O dinheiro em si mesmo é secundário. Se você fosse pobre mas, totalmente consciente, feliz, cheio de integridade, destemido, bem humorado, amoroso e oferecendo a sua completa dádiva ao mundo e à sua mulher, ela não se queixaria acerca da falta de dinheiro.
Quando você diz que limpará a garagem e depois as semanas passam e você não fez, as suas queixas não são habitualmente acerca da garagem. Obviamente que ela gostaria de ver a garagem limpa, mas esta é uma questão superficial. A questão mais profunda é você não ter feito o que disse que iria fazer. Você deu-lhe a sua palavra e não prosseguiu com ela adiante. Ela não pode confiar no que você diz. E isto magoa-a, profundamente.
Pode parecer-lhe que ela está a exagerar. Porque é que ela está tão histérica? É só uma garagem. Mas ela pode sentir a sua falta de integridade. Não ter limpo ainda a garagem poderá parecer-lhe uma coisa pequena, mas mostra-lhe que você não segue adiante com a sua palavra, com o seu propósito.
A sua palavra é uma demonstração do seu propósito, do seu núcleo masculino. Quando você não cumpre com aquilo a que se compromete, mostra-lhe que o seu núcleo masculino é fraco. Ela sente-se abatida. Ela não pode confiar na sua direcção masculina. E então ela sente uma enorme perda. Ao longo do tempo ela começará a construir a sua muralha masculina como reacção à sua falta de integridade. Ela começará a resguardar-se contra a mágoa que lhe provoca a sua falta de zelo e rigor. Ela endurecerá o seu coração, tornando-se angular e tensa. Para si, a garagem parece algo trivial. Para ela, você falhou na sua palavra. Ela não pode confiar em si.
É muito como se a sua mulher começasse a tornar-se descuidada. O núcleo do feminino é energia e radiância. Se ela parar de cuidar de si mesma, se ela se tornar enfadonha e monótona, sempre cansada e desgastada, então ela será incapaz de dar-lhe a energia feminina que você deseja receber na intimidade. Poderá mesmo assim amá-la mas começará a procurar noutro lado por energia feminina.
Ao nível da polaridade e energia, você é atraído e rejuvenescido pela sua radiância feminina. Da mesma forma, ao nível da polaridade, ela sente-se atraída e relaxada pela sua clareza masculina, direcção, integridade e presença. Quando ela se queixa sobre o facto de você estar a ver TV, trata-se mais habitualmente de uma queixa relativa a todo o seu padrão de vida, a sua falta de persistência e clareza. Se a sua mulher sentisse que você vive totalmente na sua clareza e propósito, se ela o sentisse totalmente presente com ela quando você escolhe estar com ela, e depois dissesse, “Vou relaxar e ver TV por meia hora,” estaria bem. Não é o ver TV em si que realmente a chateia, apesar de ser sobre isso que ela vai falar.
Você precisa de ouvir a sua mulher mais como um oráculo do que como um advertor. Normalmente ela fala num estilo muito tangencial mas revelador. Ela revela os seus hábitos inconscientes que o impedem de despertar totalmente a sua consciência. A sua inconsciência causa-lhe dor. Ela não o dirá desta forma mas é o que ela estará a indicar.
Não argumente com ela acerca da garagem e da entrevista de emprego. Não é sobre isso que ela está a falar apesar de ser sobre isso que ela está a falar. Ouça as suas queixas como se fosse o Universo a dar-lhe indicações sobre a sua vida. Será que ver TV neste momento é a melhor forma de usar este momento? Por vezes, precisa de se recrear mas, por vezes, está apenas a ser preguiçoso, tentando esquecer as responsabilidades que criou na sua vida.
Você mentiu propositadamente à sua mulher acerca de limpar a garagem? Ou limitou-se a deixar andar, tal como faz com muitas das coisas com que se compromete na vida? Poderá realmente culpar a sua mulher por estar magoada, pela falta de integridade que demonstra na sua vida?
Se ela não puder confiar na sua capacidade de viver a sua vida com a partir da sua mais profunda sabedoria e da sua mais plena capacidade, ela não poderá confiar-lhe a sua vida. Ela não poderá confiar na sua impecabilidade masculina, então ela irá compensar isso naturalmente, desenvolvendo excessivamente a sua própria capacidade masculina. Ela não está apenas a ser masculina por si mesma, ela está também a ser masculina no seu lugar. Se ela sente a necessidade de relembrá-lo da desarrumação da garagem o da entrevista de emprego, ela está a suprir a necessidade de direcção masculina para ambos. E isto resulta em stress. O seu corpo começará a mostrar isso. Ela tornar-se-á menos radiante e menos relaxada no seu poder feminino, porque tem de compensar as falhas que você apresenta.
As olheiras da sua mulher e a as linhas do seu rosto, podem revelar muito acerca do quanto você está a viver claramente o seu mais elevado propósito. É claro, a sua mulher tem os seus próprios hábitos inconscientes para abandonar, mas muitas das vezes ela apenas reflecte os seus. Procure dar o seu melhor no sentido de perceber quais dos seus “problemas” são verdadeiros feedbacks corporais sensíveis acerca da maneira como você está a viver a sua vida. Você sabe bem a quantidade de tretas com que desperdiça o seu tempo e a sua vida. E ela também. Acontece que isso a magoa bem mais do que o magoa a si.
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